patorecheado@hotmail.com
__________________

Submundo

O Moleiro foi ao submundo. Foi a um mundo que não é o dele. Não é o dele, nem de muita gente, mas é o de muitos outros. Esse mundo é cinzento, localizado num qualquer bairro periférico de qualquer cidade. As pessoas deambulam nas ruas, vitimas de uma sociedade que não lhes dá condições para ter uma profissão, um emprego, um salário, uma casa, uma família. São obrigados a roubar para comer, para sustentarem os vícios. Ás tantas já só roubam para os vícios, pois foram por caminhos da vida menos claros. No submundo as crianças brincam na rua, crescem na rua, pois em casa ninguém está. Os pais de alguns saem de casa cedo, ainda de noite e só voltam tarde e bem tarde, outros só trabalham de noite (andam na vida) e outros nem pais têm. As crianças estão entregues a si mesmas. Não têm quem as oriente. É tudo uma pescadinha de rabo-na-boca. As pessoas do submundo têm uma perspectiva da vida diferente dos outros. Casam cedo, têm filhos cedo e fartam-se cedo dessa vida. Muitos não trabalham. Vivem de rendimentos: Rendimento mínimo + Rendimento Social + Abono de Família + eu sei lá o quê. Habitação não pagam, são pobres. Educação não pagam, são pobres. Saúde não pagam, são pobres. O que eu sei é que não trabalham. Não trabalham, mas passam a vida nos cafés, a fumar, telefonando do seu telemóvel topo de gama. Trabalhar para quê? Estão simplesmente acomodadas. Mas no meio do submundo, deste ou de outro qualquer existem pessoas com vontade de lá sair, querem ser alguém na vida, estudam, trabalham, são educadas, humildes, honestas, enfim, pessoas de bem.
E foi uma pessoa assim que fez o Moleiro ir ao submundo. Pois apesar do sitio onde esta pessoa(leia-se paixoneta) vive, é uma pessoa com a qual o Moleiro se identifica. São de mundos diferentes mas com sentimentos iguais.

Sem comentários: